Ontem vivemos mais uma noite memorável ambulando poesia dentro do transporte público da cidade cinza. Foi uma das saídas mais marcantes, não dava para parar de sorrir, ficamos radiantes, com a mente distante, foi até difícil dormir. O trajeto da vez foi a linha lilás, e o homenageado, o poeta Sérgio Vaz, que entre o Capão e o Largo 13 declamou diversas vezes, poemas até em mandarim que nos deixou assim um tanto emocionados. Partimos as 19h, pontual mente, ciente que encontraríamos pela frente São Paulo em horário de pico. Com isso, preparamos um repertório rico para alvejar o estresse das pessoas. Não estávamos a toa, queríamos amar e desarmar cada coração. Nunca estivemos em um bonde tão grande, o vagão literalmente estava tomado de poetas, transbordando poesia. Ficamos na missão, indo e voltado, do Largo 13 ao Capão. Foram duas horas de intervenção, recitando poesias curtas, longas, individuais, jograis, poemas de diferentes temas e poetas, só idéia certa, um sarau de deixar todos de olhos, ouvidos e mente aberta, inclusive os seguranças do metrô, que várias vezes entraram para ver o que estava acontecendo e, ao invés de tentar interromper, como são pagos pra fazer, acabavam ficando, fisgado pelo versos. Um deles inclusive levou uma poesia para casa. Diversos passageiros também declamaram poesias e ganharam livros. Uma senhora questionou “vocês vão na Cooperifa? Eu adoro o Sergio Vaz” e eu respondi “vamos sim, inclusive ele está aqui hoje, declamando poesia dentro do metrô, com a gente”, ela arregalou os olhos e emudeceu, como quem acabara de presenciar um milagre, da poesia, enquanto seu ídolo lançava algumas palavras em seu ouvido. Foi um acontecimento, quem não foi, só lamento, ainda não inventaram um meio de transmitir o sentimento desses momentos de intensa alegria. Mas virão novos dias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário