quarta-feira, 9 de abril de 2014

Poema (des)alinhado

Depois de mexido
muito difícil
voltar ao exato lugar...
e se voltar,
por marca forte deixar,
já há um espaço de tempo suficiente
de deslize.
Seja terremoto, empurrão,
olhar (des)encruzado...
(não) está no lugar!
O mesmo em que (não) deve ocupar.

O vento aqui já se fez forte.
Agora bate as portas em outra morada.
A casa (não) caiu,
mas também o inverno passou
e voltou.
Dos frutos que nasceram no outono...
caroços secos e soltos.

Libertei a tristeza de dentro de mim
e ela borrou o poema de amor que eu tinha escrito.
Ou talvez o próprio amor
fosse o borrão dos meus olhos.
Seja lá como for...
já foi.

Disse o médico
que abalo cardíaco
levaria o (im)paciente à morte.
Mas a própria vida é composta de oscilações.

Exatamente agora
remeto ao passado:
-Podia ser tanta coisa!
Escolheu ser só
lembrança.

O tempo
é esse momento
em que se (de)cifra o poema.




Jefferson Santana

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