Na última terça-feira, 16 de abril, realizamos a 8ª saída dos Poetas Ambulantes, pelos coletivos da cidade de São Paulo. Dessa vez, o destino era o TerSarau, que acontece toda terceira terça-feira do mês, no bairro do Heliópolis. O nosso ponto de partida foi a estação Calmon Viana, linha Safira da CPTM.
Saímos de Calmon Viana por volta das 15h, estávamos em seis poetas, Carolina Peixoto, Ligia Harder, Lu’z Ribeiro, Marina Vergueiro, Mel Duarte e Thiago Peixoto, além da nossa fotografa, Renata Armelin. Adentramos os primeiros vagões e começamos a disparar nossos versos com o trem ainda um pouco vazio, os passageiros com o tempo foram se envolvendo com as poesias, fixando-nos os olhares e soltando os seus sorrisos.
Na estação Jardim Romano, encontramos com mais um poeta para engrossar a nossa voz, Victor Rodrigues. Partimos com destino ao Brás, trocando de vagão a cada estação, para impactar o maior número de pessoas possível. Ao chegarmos, fizemos baldeação para ir sentido Tamanduateí, ontem pegaríamos a linha verde do metrô. Nesse trajeto tivemos a sorte de pegar um trem um pouco mais cheio, foi uma receptividade muito grande por parte dos passageiros, que nos concederam uma calorosa salva de palmas quando desembarcamos.
Como todos sabem, nessas linhas é comum o trabalho de ambulantes, foi um tanto quanto inusitado dividir o espaço no vagão com eles, de forma que a ação de um não atrapalhasse a do outro. Foi muito bacana, nos respeitamos, cada um deu seu recado, e todos consumimos poesia. Os passageiros que se encorajaram a declamar, ganharam os livros Brasil Cem Sentidos, da Eliana de Freitas, #PoucasPalavras, do Renan Inquérito e Embrionários versos revolucionários, do Thiago Peixoto, que doaram seus livros ao coletivo, que repassou o presente nessa ação.
Já no metrô, na linha verde (onde faríamos um percurso de ida até a estação Ana Rosa e voltar para a estação Sacomã), passamos por uma situação um tanto quanto lamentável, mas que infelizmente sabíamos que aconteceria alguma hora. Quando estávamos na Chácara Klabin, no meio de uma intervenção, com o vagão relativamente ocupado, os seguranças do metrô adentraram e nos impediram de continuar, alegando que estávamos infringindo o regulamento da empresa. Outros poetas que não notaram o que ocorria continuaram a declamar, até perceberem e iniciarem um debate sobre o porquê da proibição. A segurança alegou que incomoda os passageiros. Na mesma hora uma passageira disse que na verdade ela estava incomodada com a ação deles e não com a poesia. Uma outra levantou indignada e mandou eles irem fazer isso na linha vermelha, “lá tá cheio de ambulante e ninguém faz nada. Eles tão trazendo cultura, isso é um absurdo”.
Contrariados, descemos do vagão (aplaudidos pelos passageiros) e fomos ao encontro da pessoa que, segundo os seguranças, poderia nos autorizar a continuar a ação, mas ela, como era de se esperar, não estava. Foram diversas as vezes que tentamos contato com o metrô, todas as saídas buscamos eles, mas infelizmente nunca chegamos se quer a conhecer quem pode dizer que sim (ou não) podemos fazer poesia lá dentro. Como o metrô é nosso também, continuaremos cuidando dele do nosso jeito, com poesia.
Impedidos de seguir de metrô, fizemos o resto do trajeto de ônibus, rumo ao TerSarau, no Heliópolis. As pessoas se protegiam do frio, envoltas em poesias de Vinicius de Moraes, Carlos Drummond, Paulo Leminski, entre outros grandes poetas, inclusive nós mesmos. =)
Agradecemos ao TerSarau por nos receber, foi bem bacana participar e fortalecer o movimento de vocês. Dia intenso de poesia, muita doação, muito aprendizado.
Veja abaixo um vídeo da última saída:
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