sexta-feira, 18 de abril de 2014

Saída histórica, a poesia venceu mais uma

Ontem realizamos mais uma saída poética pelos transportes públicos de São Paulo, saindo do Metrô Faria Lima, percorrendo linhas de trem e ônibus, até o Grajaú. Vivemos momentos grandiosos. Entrou para a história dos Poetas Ambulantes. Nunca tivemos tantos poetas juntos para uma intervenção, firmamos um bonde de 28 pessoas, em pleno horário de pico, pensa.

Apesar da super lotação, as pessoas receberam-nos de braços e sorrisos abertos. Então começamos a saga, primeiro fomos na Linha Amarela até a Luz e voltamos para Pinheiros. Ao fazer a baldeação, da Linha Amarela para a Esmeralda, encontramos uma amiga, pandeirista, que tocou um samba de coco pra gente dançar, enquanto aguardávamos alguns poetas que iam ao banheiro. O segurança da CPTM veio interromper a festa. Nós perguntamos: “porque parar, não pode ser feliz?” Ele, com toda firmeza que lhes são característica, respondeu: “NÃO!”. Logo em seguida, percebendo que, por força do hábito, não tinha ouvido a pergunta, se corrigiu: “Digo, ser feliz pode, não pode tocar pandeiro.” Então, para nossa alegria, continuamos a ser feliz, infelizmente, sem o pandeiro.

Já na plataforma, em Pinheiros, estávamos ansiosos pela chegada do trem. Quando ele estacionou, dominamos o último vagão. Ao entrar, tinham dois bebes chorando, porém, assim que começamos o sarau, eles pararam para ouvir, foi lindo, acho que gostaram bastante pois não voltaram mais a chorar, ficaram prestando atenção o trajeto todo. Teve muitos passageiros ganhando livro, declamando Monteiro Lobato, Drummond, Mario Quintana, dentre outros. E ainda dizem que o povo é ignorante, eu discordo, o povo é Poeta Ambulante.

Descemos no Largo do Socorro para ir de busão o restante do trajeto. Foi da hora, o motorista se mostrou um amante da poesia, até porque, convenhamos, dar carona pra mais de 20 pessoas, não é uma tarefa fácil, "os ficais tão de olho", como alguns motoristas disseram. Como forma de retribuição, demos um livro nosso para ele, para não passa batido essa boa ação. O caminho foi longo, assim como o busão biarticulado que pegamos. Nos dividimos na parte da frente, no meio e no fundo do buso, não teve um só passageiro que não foi atingindo pelos versos. Muitos agradeceram e bateram palmas quando descemos.

Nessa saída homenageamos a nossa parceira querida, Sinhá, poesia em pessoa, que teve seus poemas distribuídos e declamados por nós. Rolou também um intercambio cultural com a turma da poesia de Belo Horizonte, representando os saraus Coletivoz, Cabeça Ativa e Vira Latas. Eles mandaram muito bem, palavras fortes, versos inteligentes, foi enriquecedor, não só para gente como para os passageiros, que em algum momento do trajeto que faziam até suas casas, se perceberam público de um sarau, e gostaram bastante.

Para finalizar, com chave de ouro, participamos do sarau Sobrenome Liberdade, que estava bombando de gente, loucos para ouvir poesia. O silêncio se fez presente, para prestigiar o lançamento do livro Varal, da Maria Vilani, uma poeta de mão cheia e que tem uma trajetória linda e inspiradora, de luta pela cultura na periferia.

Ontem foi isso, mas bem mais intenso que esse texto, óbvio. Mas infelizmente as vezes é preciso diminuir momentos em palavras.

Obrigado a todos que somaram conosco, seja para declamar poesia, seja para ouvir e ver a intervenção. Somos feito de amor, palavras, sorrisos e abraços, é só isso o que precisa pra colar com a gente.
Venham sempre!

Em breve, postamos fotos e vídeos.

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