Ontem fizemos a nossa 7ª saída e, certamente, uma das mais lindas que vivenciamos.
Foi um dia intenso de poesia. Fizemos um itinerário longo, pegamos vários ônibus, metrôs e trens, cortamos a cidade desde o Parque do Estado até o Terminal Grajaú, para prestigiar e curtir o Sarau Sobrenome Liberdade, no Relicário Rock Bar.
Chegamos ao ponto de partida por volta das 13h30, ficamos na concentração, escrevendo e recitando poesia no ponto de ônibus mesmo, até dar o horário de sair. No primeiro trecho dessa saída o desafio foi um pouco diferente, porque além dos poetas, estávamos com a equipe do SPTV, que filmou parte do nosso trajeto para o quadro do Alessandro Buzo.
Saímos em oito poetas, Carolina Peixoto, Jefferson Santana, Ligia Harder, Lu’z Ribeiro, Mariane Staphanato Marina Vergueiro, Mel Duarte, Paulo D’Auria e Thiago Peixoto (mais o Alessandro Buzo, que estava de repórter, mas também declamou algumas poesias). A primeira parte do percurso foi feita de ônibus, até o metrô Praça da Árvore. Já nesse primeiro trajeto conseguimos uma interação muito grande com os passageiros, alguns deles declamaram poesias e ganharam livros. Em frente à estação fizemos um pequeno sarau para as pessoas que estavam no ponto de ônibus, demorou pra algumas pessoas entenderem o que estávamos fazendo, mas com o tempo foram se desarmando e algumas inclusive se arriscaram a recitar para ganhar livros e, foram entrevistados pelo Buzo. Nessa hora, ganhamos um reforço de peso no time de poetas, ninguém menos que o Victor Rodrigues se juntou a nós para fazer o restante do percurso.
A equipe de TV encerrou a cobertura na Praça da Árvore. Então, entramos na linha azul do metrô, onde encontraríamos mais dois poetas para nos acompanhar, o Bruno Marselha e o Alex Jardim (Cabelo). O trajeto até a estação da Luz foi bem agitado, trocamos algumas vezes de vagão, conseguimos atingir muitas pessoas, arrancar os sorrisos, aplausos e manifestações de gratidão por termos intervido de alguma forma no dia deles.
Para nossa surpresa, quando desembarcamos na Luz para fazer baldeação para a Linha Amarela, conseguimos mais dois companheiros, James (18) e Thais (17), um jovem casal a caminho de casa (moram em Ferraz Vasconcelos), que instigados pela poesia desceram do metrô junto conosco e pediram para nos acompanhar pelo restante do trajeto, (como se precisassem pedir, rs). Esse acontecimento empolgou ainda mais a todos nós, que começamos uma nova intervenção nas dependências do metro, em direção à plataforma da linha amarela. Quando embarcamos o Sarau já começou na mesma hora, e só acabou pela necessidade de desembarcar, do contrário estaríamos lá até agora, rs. O ambiente na Linha Amarela é muito favorável a poesia. O metrô não faz movimentos bruscos, os trem são fechados, com ar condicionado, não tem barulho externo e não existe divisória de vagão, ou seja, deu pra atravessar o trem inteiro e impactar praticamente todos que embarcaram conosco.
Na estação Pinheiros, o trajeto para fazer a baldeação do metrô para a CPTM foi também um capitulo à parte. Começamos a declamar todos juntos, em alto e bom som, diversas poesias em coro. Como a estação é enorme, nosso grito ecoou de tal forma que em todos os andares tinham gente olhando para as escadas rolantes abaixo, tentando identificar de onde vinham as mensagens entoadas ao ar.
O percurso pela Linha Esmeralda da CPTM também foi incrível. Nas primeiras estações o vagão ainda estava vazio, permitindo performances mais ousadas, como a do Bruno com o Cabelo que encenaram um assassinato, narrado pela poesia. Depois com o tempo, o trem ficou lotado, fator que também foi muito favorável a nossa ação, pois o sarau ficou mais intimista, com poeta e passageiro mais próximos, proporcionando uma troca de energia foi intensa.
Na Estação Socorro desembarcamos para encontrar mais uma poeta, a Pri Mastro e para nossa surpresa, os passageiros do trem que estávamos ficaram nos chamando para voltar e seguir viagem com eles. O trem lotado das 17h30 até tentou nos intimidar, mas não conseguiu, a poesia foi maior e embarcamos novamente, sentido Grajaú. Foram mais alguns minutos de intensa adrenalina e euforia regados a poesia. Ao chegar, desembarcamos cantando Grajauex, música do Criolo, que virou trilha sonora do bairro.
Fizemos um cortejo pelas ruas, a caminho do Sobrenome Liberdade, chamando os moradores para nos acompanhar. O Sarau, que além de nós, recebia também a Tenda literária, foi uma enorme celebração em torno da palavra. Houve lançamento da Saga de Writer, livro do Bruno Pastore, e o show LiKa Rosa, que quase botou o Relicário Rock Bar abaixo, foi realmente muito bom.
Para nossa surpresa, alegria, emoção, comoção e lágrimas (muitas lágrimas), o James, garoto de Ferraz Vasconcelos, que saiu do seu trajeto para nos acompanhar até outro extremo da cidade, pediu para declamar uma poesia. Ele foi até o microfone e disse que esse foi um dos dias mais feliz da vida dele. Disse que acredita ser necessário fazer revolução no mundo, mas nunca pensou que isso fosse possível sem Guerra, e nós mostramos a ele que era. Disse ainda, que estava muito feliz por ter se permitido fazer essa loucura, e que esse dia mudou a vida dele pra sempre. O nosso também.
Além do SPTV, a Veja São Paulo também mandou uma repórter, que acompanhou-nos o trajeto inteiro, a matéria vai sair na edição da próxima semana.
Gostaríamos mais uma vez de agradecer a todos que acreditam nesse projeto e de alguma forma o apoiam, direta ou indiretamente, seja escrevendo poesias para nós distribuirmos, seja nos acompanhando nas saídas, seja abrindo espaço para nós falarmos sobre ele. Obrigado especial ao Renan Inquérito e a Elizandra Souza que doaram os livros distribuídos nessa saída.
O Poetas Ambulantes é feito por pessoas que amam poesia e, principalmente, amam estar junto lutando para colocá-la cada vez mais na vida das pessoas.