segunda-feira, 30 de junho de 2014

Sentimento do mundo (Carlos Drummond de Andrade)

Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.

Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.

Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.

Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microscopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanhecer

esse amanhecer
mais noite que a noite.

Veja na íntegra e sem falsas autorias, mais poemas de Drummond em:



sexta-feira, 27 de junho de 2014

Poesia Paixão Nacional

Há muito que o futebol é tido como a paixão nacional do brasileiro, é cultural. Desde cedo é ensinado a torcer por um time, vestir a camisa, acompanhar os jogos, rivalidade entre times, etc. Os conflitos entre torcidas e os debates esportivos alimentam ainda mais a cena, pessoas lotam estádios, se reúnem em bares ou com a família, para ver a bola rolando.

Porém, com a Copa sendo realizada em nosso país, a galera da poesia resolveu entrar na brincadeira e agora poeta é atleta, com time, uniforme e tudo.  

A ideia começou com o escritor e agitador cultural Rodrigo Ciríaco, um dos idealizadores do Rachão Poético - Copa Mundão de Poesia. A primeira edição aconteceu no Sesc Itaquera dentro da programação de uma exposição que contava a história do futebol de um jeito bem divertido, com reconstrução de ambientes onde se falam de futebol, os visitantes podiam ouvir áudios de debates, narrações e conversas de sobre jogos que marcaram história.


Haviam oito times compostos por 3 poetas, tinha comentarista e até arquibancada. Teve time que levou torcida, outros uniformizados, lindo de ver o empenho e a animação dos novos atletas.





A parada foi linda, disputa acirrada e teve lavada no mata-mata. O título desta vez ficou com os Passarinheiros, formado por Victor Rodrigues, Ni Brisant e Luiza Romão.




E como slam contagia, os pioneiros da batalha fizeram também um torneio no último dia 22. O ZAP realizou a Copa ZAP FutSlam de Poesia, no museu de futebol. Desta vez o Maloca Poesia Clube foi o vencedor.


Os times estão se formando, há muitas contratações e os cartolas dos saraus já fazem suas propostas. 

Logo, logo, os patrocinadores irão nos descobrir.... 

ou não!
a gente faz do mesmo jeito...

próxima quarta será a segunda edição do Rachão, fique ligado!




quinta-feira, 26 de junho de 2014

Henfil - Cartas da Mãe

você já escreveu para sua mãe hoje???

Para um novo despertar, vale assistir o média-metragem Cartas de Mãe, os ultitmos 30 anos do  Brasil por meio de cartas.


quarta-feira, 25 de junho de 2014

Uma noite para lembrar

Ontem vivemos mais uma noite memorável ambulando poesia dentro do transporte público da cidade cinza. Foi uma das saídas mais marcantes, não dava para parar de sorrir, ficamos radiantes, com a mente distante, foi até difícil dormir. O trajeto da vez foi a linha lilás, e o homenageado, o poeta Sérgio Vaz, que entre o Capão e o Largo 13 declamou diversas vezes, poemas até em mandarim que nos deixou assim um tanto emocionados. Partimos as 19h, pontual mente, ciente que encontraríamos pela frente São Paulo em horário de pico. Com isso, preparamos um repertório rico para alvejar o estresse das pessoas. Não estávamos a toa, queríamos amar e desarmar cada coração. Nunca estivemos em um bonde tão grande, o vagão literalmente estava tomado de poetas, transbordando poesia. Ficamos na missão, indo e voltado, do Largo 13 ao Capão. Foram duas horas de intervenção, recitando poesias curtas, longas, individuais, jograis, poemas de diferentes temas e poetas, só idéia certa, um sarau de deixar todos de olhos, ouvidos e mente aberta, inclusive os seguranças do metrô, que várias vezes entraram para ver o que estava acontecendo e, ao invés de tentar interromper, como são pagos pra fazer, acabavam ficando, fisgado pelo versos. Um deles inclusive levou uma poesia para casa. Diversos passageiros também declamaram poesias e ganharam livros. Uma senhora questionou “vocês vão na Cooperifa? Eu adoro o Sergio Vaz” e eu respondi “vamos sim, inclusive ele está aqui hoje, declamando poesia dentro do metrô, com a gente”, ela arregalou os olhos e emudeceu, como quem acabara de presenciar um milagre, da poesia, enquanto seu ídolo lançava algumas palavras em seu ouvido. Foi um acontecimento, quem não foi, só lamento, ainda não inventaram um meio de transmitir o sentimento desses momentos de intensa alegria. Mas virão novos dias.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Projeto ousado mostra vídeos de mulheres lendo e atingindo “aquele momento”







O fotógrafo Clayton Cubitt criou um projeto experimental que tem tudo para dar o que falar. Trata-se do Hysterial Literature, em que ele filma mulheres lendo textos com passagens eróticas (ou não) enquanto são estimuladas por um vibrador. Isso mesmo, um vibrador!!
Ideia inovadora eu diria, pois particularmente, não me lembro de ter visto nada do gênero antes rs.

Já pensou se essa moda pega aqui no Brasil?
Confira a primeira sessão desse experimento, a coisa fica mais animada a partir dos 4 minutos.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Tenda Literária - 5 anos



A Tenda Literária, nossa companheira de caminhada, luta, resistência e ocupação dos espaços públicos, agora em 2014 completa 5 anos de estrada poética.

Para comemorar, eles convidam todos a retornar a sua casa em Guaianases, junto com o parceiro Ruivo Lopes, onde vai rolar uma roda de conversa sobre o tema "Saraus como instrumentos de ação política", em seguida um grande show com Lika Rosa e, para finalizar, o tradicional SARAU com microfone aberto e show do grupo de rap feminista de Guaianases - Juntas na Luta. 

Vamos todos chegar para enriquecer o caldo da prosa e ocuparmos mais um espaço com prosa e verso, e é claro, participar dessa celebração linda! Visite a página no facebook e saiba mais sobre o Coletivo: https://www.facebook.com/groups/122977937836780/?fref=ts

PS: A Tenda está marcada para se armar no sábado, dia 28/06 a partir das 15h, mas caso haja jogo do Brasil, será adiada para o domingo 29/06, no mesmo horário e local.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

#NãoVaiTerTarifa



Ontem estivemos com o Passe Livre São Paulo e muitos outros movimentos no ato pela Tarifa Zero, que marchou da Av. Paulista até a Marginal Pinheiros.

Como não poderia ser diferente, começamos os trabalhos antes de chegar à praça do ciclista, pelos trens da linha esmeralda e amarela, declamando poesias e convidando as pessoas para a manifestação, que também celebraria 1 ano da queda do aumento de R$0,20, em junho do ano passado.

Havia muita gente, muita mesmo, de encher os olhos. Não havia polícia, em nenhuma das avenidas que passamos, logo, não houve tumulto. Caminhamos juntos, vibrando e cantando, até o destino final, na marginal Pinheiros, onde juntos em coro dissemos aos quatro ventos, a todos os prédios comerciais e lojas de luxo, que iríamos continuar lutando por uma vida sem catracas, buscar os direitos de todos os trabalhadores do transporte e principalmente qualidade nos serviços prestados à população.

Foi lindo de ver catracas pegando fogo ao som de B Negão e, logo em seguida, a marginal que fica congestionada de carros ficou parada por manifestantes para assistir a apresentação do Rincon Sapiência. Nós fizemos uma intervenção poética, declamamos textos nossos e de muitos outros poetas, que falam de São Paulo e da desigualdade social que impera em nosso país.

Ao lado do nosso sarau outro grupo realizava uma partida de futebol, o clima era de conquista, alegria e companheirismo. Ficamos admirados em ver o trabalho dos militantes do MPL, jovens emprenhados em defender e lutar pelo direito do povo, organizando e liderando todo o ato.

Após o fim do ato, quando o movimento já estava dispersando, a Tropa de Choque chegou, junto com o tumulto.

Sem novidades.

Foi uma tarde linda e importante de viver. É uma alegria para nós somar nossa arte e nossa energia a essa causa, pelo fim das catracas!

Para não perder o costume, voltamos pra casa fazendo poesia na linha esmeralda, para que déssemos a notícia sobre como foi a manifestação antes da mídia reacionária.

Os passageiros ficaram felizes, nós também...

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Às Marias e tantas mulheres de tantos nomes



Maria das Dores, trabalha como doméstica.
Com três filhos no lar, que nada fica.
Fica mais na casa da patroa pra limpar
e com as duas crianças dela pra cuidar.

Mantém o casamento com um marido,
sem ter o tal do amor correspondido,
já que o varão, que se acha, a engana
com a amante que sai toda a semana.

Ela esconde tristezas embaixo do tapete,
talvez pelos filhos, amores de valor.
Mas talvez ela perceba e um dia constate

que não pode mulher ser refém da dor,
que sua vida pode ser independente 
desse marido, ou de cotidiano opressor.

Jefferson Santana


Também disponível no blog: meuscantosedesencantos.blogspot.com.br

terça-feira, 17 de junho de 2014

Aposentado declama poesias durante trajeto de ônibus em Sorocaba-SP

  


Assistindo essa reportagem, não tive como ficar indiferente
A poesia move as pessoas e isso é independente da idade.
Feliz em saber que pelos cantos desse Brasil temos outros ambulantes por ae, vida longa ao seu Copérnico Martinez!
Filho e neto de poetisas, o aposentado conta que herdou da família o dom da rima e, há 3 anos, decidiu dividir com os passageiros do transporte público de Sorocaba o seu talento. Para tanto, por onde passa o poeta, declama suas próprias composições e os ônibus se tornaram o lugar preferido.

Post: Mel Duarte

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Invadindo o Grajaú



Este ano nossas saídas têm sido com mais duração em trechos determinados, com o intuito de atingir com mais ênfase a região escolhida.

Na próxima segunda-feira estaremos na Av. Belmira Marin dando um baile no trânsito com nosso grupo ambulante, invadindo os ônibus do Grajaú durante 2 horas, com um time de poetas munidos de poesia falada e escrita, interagindo com os passageiros para desestressar o caminho de volta pra casa.

Costumamos dizer que apesar dos $3 cobrados, o transporte público é nosso, do povo e por isso convidamos quem quiser somar é só chegar.

"Viver de instantes
como Poetas Ambulantes
é nossa recompensa
a poesia é uma urgência
por isso estou declamando
pois vocês sabem
eu podia tá matando,
eu podia tá roubando..."



quinta-feira, 12 de junho de 2014

#tatenocopa ... mas ...

por Lu'z Ribeiro





Licença, posso entrar? Não, né, mas ...

Fiquei sabendo que ta rolando lixeira de 8 mil na Oscar Freire, o senhor sabe como é, eu moro no lixão, será que rola um empréstimo? Pode ser de oito mil mesmo, ou menos pra eu comprar um barraquinho com vista pro córrego e direito a teto solar, naquele terreno que logo será reintegrado.

Eu que sempre morei na rua, morria de inveja do Paulinho que tinha escoriações corpo a fora causado pela água sem tratamento que ele se banhava e bebia justo eu que nem água tenho, já vontade de chorar me sobra, mas suspeito que meu peito seja volume morto

Talvez eu esteja pedindo demais, então libera pra mim e pra minha filha um pedaço das novas 15 pontes de embarque que foram construídas para os aeroportos? Podia ser ali no JK, dizem que tem tudo: esteira rolante, elevador e carrinhos para bagagens de 2,5 mil reais, ia ser ostentação morar bem ali debaixo, da ponte.

Por enquanto meu terreno é uma caixa de papelão de maquina de lavar, é grande cabe direitinho eu e minha filhinha a Duda, mas já ta meio gasta a chuva não perdoa, leva tudo e as vezes nem lava, meu cachorro o Tobias tenta estragar o papelão rasgando, mas eu faço marcação cerrada, ele rosna e eu rosno também, onde já se viu quem manda ali, sou eu.

Dias desses enquanto eu livrava uns trocados perto de uma escola, notei umas crianças completando uns álbuns de figurinha, estavam todas muito afoitas, algumas até com falta de paciência lambiam as figurinhas e colavam com saliva as figuras, pra que vimos isso? Agora Maria Eduarda só sabe é estragar nossas camas, todo papelão que ela vê, logo lambe e cola no poste, eu até penso em brigar, mas acabo sorrindo, acho bonito.

Quando o sol se mostra eu acampo na frente do bar do Zé, lá tem tevê e eu posso me inteirar dos assuntos do dia a dia, ver nosso bom futebol e às vezes me distrair com a conversa dos clientes, recentemente tinha uma mulata, puta mulher linda, marcando programa com um gringo que garantia pagar em dólar, comiam torresmo e bebiam uma coca gelada parecia cena de filme nacional, o local todo enfeitado de bandeirolas promocionais do tal refrigerante, onde se podia ler “co-pa de to-dos”, poxa, me emocionei, achei lindo demais, queria pelo menos uma vez fazer parte do todo, que tolo.

Já te disse que sou corinthiano? Desde criancinha, e da orgulho demais ver o Itaquerão, o nosso Itaquerão erguido, eu que nunca tive lar vejo meu time ganhar casa e a estréia da Seleção vai ser lá, na nossa casa, pena não ter ingresso, que eu pague, nem o regresso a Bahia ta sendo possível. Ah quando foram manifestar na frente do estádio fui lá defender, ahhhhhh agora querem hospital e escola, salário???... vixi Nossa Senhora Desaparecida, querem coisas demais.

Mas voltando a casa, e ai como eu fico ou não fico??? Tou vindo buscar minha herança de modo amistoso, como foi o Brasil e Servia, é que ouvi o Neymar cantando o hino e parei na frase “dos filhos deste solo, és mãe gentil, pátria amada...”, pois é tou nem querendo um Palácio em seus terrenos elevados, mas já que és tão gentil e ao que me parece sou seu filho, tou nem pedindo um lugar junto com seus convidados, sentados a mesa da sua copa, mas na situação que me deixou, da um banheirinho nos fundos e estamos resolvidos.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Tabacaria - Poema de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)

Fernando Pessoa eternizou sua poesia em Portugal, sua terra natal, e em todo o mundo, muito pela grande riqueza de estilos expressada por seus heterônimos. Um deles foi Álvaro de Campos, que além de ser um dos mais conhecidos tem um dos poemas mais fantásticos da história da literatura, segundo os críticos.

Deixamos aqui esse poema que é "Tabacaria", na voz de Antonio Abujamra.



segunda-feira, 9 de junho de 2014

Herdeiros de Solano Trindade celebram obra do poeta



Três gerações de artistas batalham para manter viva na memória coletiva a obra do poeta, teatrólogo e folclorista pernambucano Solano Trindade, defensor da cultura negra. Filha, neto e dois bisnetos permanecem unidos na missão de reverberar a voz do escritor, calada há 40 anos. Em Embu das Artes, São Paulo, eles fazem palestras, saraus, tocam instrumentos, escrevem poesias e até compõem rap em homenagem a Solano. Aos 77 anos, Raquel se lembra vividamente da rua onde morou até os 8 anos, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife: “tinha cheiro de fruta”. A juventude foi no Rio de Janeiro, para onde o pai se mudou após deixar a cidade natal, e em São Paulo, onde morreu.

Leia a matéria na íntegra: http://www.diariodepernambuco.com.br

Miró da Muribeca - Preto, Pobre, Poeta e Periférico

Quem já nos viu em alguma intervenção pelos busões e metrôs da vida, certamente nos ouviu declamar alguma poesia do Miró da Muribeca, pois é um dos poetas contemporâneos que mais nos inspira. O pernambucano, que publicou seu primeiro livro em 1985 (Que descobriu azul anil?), apresenta em suas poesias um olhar periférico sobre o mundo, contestador e irônico, retratando principalmente o universo dos marginalizados e invisíveis aos olhos da sociedade. Com uma linguagem muito peculiar, de fácil entendimento e, ao mesmo tempo, de uma profundidade oceânica, Miró vive sua poesia, literalmente, e as declama sentido intensamente cada palavra que sua boca balbucia, seus versos escorrem por sua fala como que transbordando alma afora.
Para comprovarem um pouco do que estamos falando, assistam ao doc abaixo, mas não deixem de buscarem a obra desse poeta incrível.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Grand Slam de Poésie


Esta semana começou a Grand Slam Poésie, a Copa do Mundo da Poesia, que acontece na França. O escritor e articulador cultural Emerson Alcalde está representando o Brasil, após garantir sua vaga vencendo a competição Slam SP, com ganhadores de todos os Slams de São Paulo.

Somos parceiros e principalmente grande admiradores do trabalho dele e por isso, estamos acompanhando suas jogadas, seus dribles e claro, encantados e admirados com suas rimas. 

Descobrimos que o Brasil não é mais o país do futebol, a caneta e a palavra afiada também ganham o mundo e juntam pessoas, a torcida é grande e o Emerson chegou na final, que será amanhã, às 16h00 horário de Brasília. Quem quiser, é possível acompanhar pelo site do evento.


abaixo uma das poesias que foi apresentada aos franceses:

Fim do iluminismo (poesia para a França)

Vocês renasceram e nos descobriram 
Nos pegaram sem roupa não falávamos o seu idioma
Tomaram para si nossos tesouros
Natureza, mulheres, ouros
Envelheceram e apodreceram cultura e economicamente

E o que irão fazer? Voltar a explorar o novo mundo?
Mas vocês levaram quase tudo 
Diferente do passado
Estamos vestidos iguais a vocês
Falamos o seu inglês, francês. 
Lemos os seus livros e dizemos: 
Teu Joyce não é melhor que nosso Guimaraes 
Vou falar com toda franqueza
Me desculpe a tua revolução foi burguesa

Mas neste lugar apesar dos pesares 
ainda tem glamour e elegância
Faz com que muito de nós sonhe 
E que fique cego de ganancia

Assim como as companhias de comedia dell’arte italiana
O sonho era chegar em Paris
O sonho de todo menino de pés descalço 
é jogar no Barça, Real, Milan, PSG, Chelsea
Ele não estuda se dedica apenas ao futebol 
Mas da peneira, que é pouco diferente do tráfico negreiro, 
Mas da peneira, que é pouco diferente do tráfico negreiro, 
só saem alguns, dentre os milhões 
que voltarão a andar com os grilhões 

Iludida com renda fácil 
O trabalho era dá. De primeira incitei. Chorei. Mas depois dei
Estou presa num hotel dancei pensei em regressar mas fiquei

O sonho de todo travesti é entrar ilegal no teu país pra se prostituir
Estar na pior lá? Prefiro ta bem, merci.
Hoje eu sou o menino, sou a puta, sou o travesti
Aceitei o seu jogo estou aqui
As pernas abertas dentro das suas regras querendo competir
Mais um macaco que veio pra te distrair
No teu estádio, no teu teatro na tua boate

Me deram apenas a bola então tive que roubar a caneta
Rasguei a bola e passei a treinar com a escopeta 
Não foi você que explorou não fui eu que sofri
Eu sei, mas eu e
Todos os Latino-americanos pagamos
E você não. Então fecha o bico. Já acabou “A Hora do Show!”

Pediram tanto capital emprestado e não pensaram
Depois tantos pensadores até Antes de Cristo 
e Hoje em crise

Pega este troféu 
simbolizando as igrejas, os castelos DEVOLVA-NOS 
Aquela mesma matéria que de nossas terras foi tirada por escravo
Escravo que hoje faz seus tênis 
Que esta retorne à Minas mesmo que Minas não exista mais.

Este troféu será colocado na prateleira do boteco da periferia 
ao lado dos times de várzeas
Pois é assim que entendemos o slam.
A poesia oral redigida com sangue 
Resignificou o seu aristocrático sarau 
E voltou pras ruas pras rodas, fogueiras ao ritual

E se quiser a literatura viva de volta para aí
Terá que vir batalhar aqui 
com os espíritos herdeiros 
Dos Bantos, dos Incas, dos Maias e dos Guaranis
Praticarei o suicídio se for preciso
mais isso vocês não roubam mais de mim

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Uma noite inesquecível, de uma caminhada já muito especial



É impossível sintetizar em palavras toda a emoção que sentimos em alguns momentos que vivemos... mas bem que os poetas tentam!

Ontem foi uma dessas noites em que com certeza recebemos muito carinho e positividade das pessoas. Ocupamos e lançamos nossa antologia "Uma vez Poetas Ambulantes..." em um dos espaços mais importantes e também elitizados de São Paulo, que é a Livraria Cultura. Por praticarmos a arte de forma independente, junto das pessoas, carregando nossos livros nas mochilas para vendermos no contato direto, sabemos o quão difícil é isso... chega a ser a realização de um sonho. O mais bonito de tudo é que chegamos lá do nosso jeito, com a nossa cara. Primeiro, como de costume, a intervenção poética foi dentro dos ônibus da região, depois a realizamos dentro da livraria para chamar todos para o que viria em seguida, que seria um lindo sarau aberto, em que cada um que chegou pôde mandar a sua ideia, do seu jeito, sem censura alguma.

Muitos coletivos nos fortalecem e nos fortaleceram na noite de ontem, e queremos deixar registrado o nosso sentimento de gratidão à todos que puderam chegar e, até aos parceiros que não puderam e nos mandaram essa energia positiva de longe. Essa é uma das formas de alimentarmos ainda mais nossa resistência e vontade de prosseguir. 

Nosso trabalho é levar a poesia para o cotidiano das pessoas, sendo que fazemos isso com muita garra e, principalmente amor. Realizamos o Poetas Ambulantes paralelamente aos nossos respectivos empregos, mas apesar da correria constante, sentimos o prazer que é. Sentimos que estamos no caminho certo, fazendo o que adoramos, embora ainda termos a noção de que temos muito o que caminhar.

Nós somos ambulantes de palavras e queremos ocupar todos os espaços possíveis e imagináveis, porque sabemos que há no mercado editorial e na arte de um modo geral, uma marginalização no que é realizado por muitas pessoas que estão fora do grande círculo da mídia. Mas continuaremos fazendo o mais importante: estar junto das pessoas, compartilhando e aprendendo através dos olhares e das ideias que acontecem nas nossas intervenções.

UMA VEZ POETAS AMBULANTES E NADA SERÁ COMO ANTES!!!

Obs: Em breve fotos dessa noite mais que especial 

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Concurso Nacional Novos Poetas. Prêmio Sarau Brasil 2014

 

Estão abertas as inscrições para o CNNP: 

Concurso Nacional Novos Poetas- Prêmio Sarau Brasil 2014. 

Podem participar do concurso, todos os brasileiros natos, ou naturalizados, maiores de 16 anos.

Cada candidato pode inscrever-se com até dois poemas de sua autoria com texto em língua portuguesa.

O tema é livre, assim como o gênero lírico escolhido. Serão 250 poemas classificados.

A classificação das poesias resultará no livro, Prêmio Sarau Brasil 2014. Antologia Poética.

Concurso Literário e uma importante iniciativa de produção e distribuição cultural, alcançando o grande público, escolas e faculdades.

Inscrições gratuitas de 01 de maio a 05 de junho de 2014, pelo site: www.concursonovospoetas.com.br



Realização: Vivara Editora Nacional

Apoio Cultural: Revista Universidade